segunda-feira, março 17

madrugada de 9 de março de 2 mil e 8


abro-te as mãos e o peito, visto-me a preceito, e peço-te que me engravides. não falo de cuidares da minha barriga como se fosse tua, só peço que a enchas com alguém que tenha algum traço teu.
não preciso que fales, nem que me olhes.
faz me só um filho.
(não me resististe. nunca me resististe.)


não quero café..
vim só guardar-te eternamente, mas já estou de saída.

segunda-feira, março 10

viagem na palma da mão

Para quem não sabe, e mesmo para quem já soube, acabei as frequências, pus as malas ás costas, e fui com a Inês-mel viajar.
Barcelona, onde nos sentimos em casa.
Paris, muito grande, muito rápido, muito bonito.
Poitiers, perfeito. do nosso tamanho, peso, e cor.
Orleans, caseiro, quentinho, e de pés assentes no chão.
De volta a Barcelona para perceber e decidir o que seria estar de volta.
Porto, cheira a casa.
Continuo a ouvir baterem-me ao de leve na janela, os ares de lá, carregados de novo, de gosto, de música e de solto. Levanto-me da cama com a manhã, finalmente sem grande esforço, e aproveito-os para ser, a tempo inteiro.

sexta-feira, março 7

Ainda agora aqui chegado
meu cavalo já cansado
trago o peito enamorado
e a armadura em desalinho
minha espada, eu embainho
dai-me carne e dai-me vinho
sou guerreiro por quimera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

Dai-me carne e dai-me vinho
dai-me uma mesa de pinho
estendei toalha de linho
onde estenderei os dedos
lede neles os enredos
das conquistas, dos degredos
assim eu contar pudera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

Guerreiros são só pontos no horizonte
a monte
a monte
anda o guerreiro sem parar
a paz foi tudo o que ele foi buscar
guerra e paz
a par e passo
irmãs são
guerra e paz
a par e passo
vão

De cada vez que me conto
sei que me acrescento um ponto
um cavalo novo monto
e uma donzela arrebato
despedido do recato
vou de calma ao desacato
vou do pardal à pantera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

Vou da calma ao desacato
de masmorras me resgato
colorido é o meu retrato
preto e branco meu caixilho
o que fazes tu, meu filho
outras guitarras dedilho
sou trovador por quimera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

E de meandro em meandro
vou-me circunnavegando
sob as estrelas buscando
o outro lado da busca
quase sempre o amor me ofusca
de uma forma doce e brusca
assim eu amar soubera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

Retomado à vida o gosto
meu cavalo recomposto
no cabelo um fogo posto
novos fogos atravesso
desta forma me despeço
do fracasso e do sucesso
ladrões de quem os venera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

Desta forma me despeço
a viagem recomeço
e se a casa não regresso
é que outras casas me abrigam
outros braços lá me amigam
minhas brigas desfatigam
como a luz na Primavera
era uma vez um rapaz
é vê-lo avançar
entre a guerra e a paz

sérgio godinho

terça-feira, março 4

é verdade, como disseste, que ando tão bem porque nunca tive tanta gente que gostasse tanto de mim.
o que não disseste, foi que nunca gostei tanto, de tanta gente.