quinta-feira, setembro 20

à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
álvaro de campos

terça-feira, setembro 18

hoje

cortei as unhas, vi a juliette binoche e não lhe disse como ela é linda.
comprei um cesto para a roupa suja todo catita
e qualquer dia começo a andar com roupa lavada.
hoje (ainda) não é o dia.

segunda-feira, setembro 17

(já nem) sei (em) que (dia) vou.

hoje comprei varinha mágica e fiz a primeira sopa da casa. Comecei a ler as papeladas sobre o curso e até dá gosto ler a sorte que tenho sentido. Já recebi duas cartas: uma a dizer que tinha faltado a uma reunião importante da residência e que se faltasse a mais alguma ou não comunicasse em 24 horas estava metida numa alhada-das-grossas (foi exactamente no dia em que eu decidi dormir até tarde, e alguém decidiu fazer uma simulação de incêndio, com alarmes histéricos e em loop e tudo. à falta de interesse voltei para a cama ainda a dormir e continuei a fazer o que tinha a fazer. não ia ter nem com a Julia Pinheiro) e uma do sr. barclays a dizer que se sente prazeroso com a minha presença nos seus domínios.
o chinoca mija exageradamente fora da retrete mas no meu quarto não entra.
eu, do lado de dentro, passei o dia a pensar e ler mais sobre as minhas electives. já tenho um mentor - www.johnkmiles.com - para me guardar os segredos e fazer deles o melhor que conseguir. amanhã vou falar com uns professores para arrumar a cabeça e mal tenha novidades conto-vos tudo.
a hortelã quase que morreu-seca num destes dias em que saí à pressa e deixei o aquecedor ligado. tratei dela como se fosse minha filha, as folhas esticaram outra vez e hoje comecei a ver folhas novas a querem nascer. ainda mora no meu parapeito, agora do lado de fora. no inverno falamos.

é bom estar cá
- tenho saudades vossas
que transformo em declarações de amor,
sem pressa, com todo o mimo.

domingo, setembro 16

é oficial:

estou em Londres.

sexta-feira, setembro 14

a casa

Tenho o quarto mais luminoso. Quando faz sol o meu quarto é dourado, quando está de chuva o meu quarto é branco-luz-de-núvem. Fiz dele uma casa, é bom estar cá dentro. É tudo espaçoso, o colchão é mole demais portanto às vezes durmo no chão para endireitar as costas, trouxe muitos mimos das paredes daí e comprei uma hortelã num vaso que vive no parapeito. 

hey, roommate!
flat 35, room 3!
hey you!
(espreitei lá para baixo: era o meu quarto
e eu não o conhecia de lado nenhum.)
you have the best room ever!
lucky you, it was mine last year.


Moro com uma trompetista e com uma clarinetista, as duas inglesas e uma delas com um ar porreiro, betinha mas boa onda. Para além delas mora um chinoca de hong kong e o seu piano. Estudam todos muito e vemo-nos pouco, sem grandes partilhas de espaço, nem de casa, nem de pratos, talheres, vegetais, iogurtes e outros que tais, nem de grandes conversas. 


Moramos todos num corredor, cozinha numa ponta, cagadeira e chuveiro (cheio de luz!) da outra, do mesmo lado que a porta de saída. Somos todos mais ou menos asseadinhos e eu sou a que como melhor. Não se fuma nem no quarto, nem na casa, nem no pátio. Queres fumar, sais do quarto, sais de casa, desces as escadas, sais do bloco, atravessas o pátio, sais do portão e oupas – tenho fumado bem menos e estou com vontade de me desabituar a intervalinhos para cigarrinho. Já tinha vivido num corredor (e até gosto da ideia), mas o melhor é quando aqui entro e a janela aberta.

Vivo na casa pacata, aqui o pessoal estuda a sério e eu, se tudo correr bem, vou aproveitar-me disso, montar-me na minha pedaleira a caminho da minha secretária e aproveitar o tempo para mastigar tudo o que acontece aqui, a cada minuto.

terça-feira, setembro 11

dia um - já conto.

conheci um monte de gente porreira, com pica, criativa, boa onda. a casa continua a crescer, e eu também espero o resto.

domingo, setembro 9

dia zero

que noite sem fim nem pressa. porra, que sorte. que sorte terem estado lá todos, a boa onda, o espaço para a conversa, o mimo em conversa, sestas, sonos, sonhos e o pessoal todo contente. bom, com mais calma contarei o resto por dentro, mais a viagem e tudo o mais. chegámos - eu e a joana. quem nos recebeu foi a tia saudade, uma quase-velhota bem portuguezona, despachada como tudo. deu uma mala ao filho, ajudou-me com outra, trouxe-nos até pertinho de casa (onde apareceu o gil que está com uma pica do carago que eu estou mesmo a curtir), deixou-nos lençois e talheres e mais não sei quê, recomendações aos molhos e bazou, com um ar meio preocupado de avozinha. o meu quarto é muito lindo, muito luminoso. tem três janelas bem grandes que dão para o pátio, é espaçoso e já tem ar de casa. tirei tudo das mochilas, dei às coisas um sítio provisório e saí para comprar um edredon, uma almofada, uma lâmpada, hortelã num vaso, chá, bolachas e couves que me encham os olhos de verde e o corpo destrica. conheci umas dinamarquesas porreiras-e-loucas, um harry actor calminho, um francês barítono e com um sotaque inglês fixe, uma alice actriz meiguinha e um italiano compositor, alucinado, com oculos de massa e cabeça mesmo noutro planeta. em minha casa ainda não-vi-ninguém, parece a casa-pacata. mas sabe-me bem: espaço em casa, reboliço quando me apetecer. bebemos umas cervessas e ainda consegui vir gamar net à recepção (onde trabalha um mark que também é muita porreiro), que por sua vez gama ao hotel aqui à frente. estou toda rota, mas estou mesmo contente. estou mesmo curiosa de ver como é que isto continua, assim calminha. amanhã já tenho net, volto com mais tempo, qui ça..? até já (vos vejo!)