dias de sol (segunda e última)
É em queimada que continua a nossa viagem. Gosto tanto de queimada.
Há sempre gente nova que vem experimentar, há sempre gente velha, que já sabe para onde vai. Todos os anos é diferente. Este ano não foi o Pedro, portanto foi altura de sermos nós os pilares do pai. Tem piada ver o tempo passar por nós (e queimada como pano de fundo, desde que nascemos).
Ainda antes de lá chegarmos conhecemos o maxime e o simon, que acabaram por trazer o (mon) simon e ir passar a noite e pequeno-almoço tardio connosco, rodeados de verde.
O pai foi doce, e juntos mostramos lhes um bocado do que é queimada. Tocavam e cantavam, e o tempo passou rápido demais, quando devia ter passado em pezinhos-de-lã.
Acabámos todos na eira a cantarolar ao som do cavaquinho e do acordeon, aquecidos pelo “é bom estar cá” que não foi dito.
O tempo passou e passou, e eu á conversa com ele. Encheu me a barriga. Se comecei o meu ano de vida nova cheia de vontade de o começar, devo-o a ele. Era professor de música de putos entre os 3 e os 12, e tinha cara de nascer-de-dia e mãos quentes. Tinha mil planos de vida e mil histórias guardadas nos cabelos compridos, e um gosto contagiante pelo que escolheu fazer, cravado nos olhos claros.
Gostava de o voltar a ver daqui a uns anos, e saber se sempre fomos o que queríamos ser.
Depois deles a Maga, a Cata, o Bitó, a Maria, a Rita, o Gustavo, a Tita, o Gonçalo, o Pilas, o João, o Óscar, a Joana, a Rosa, a Inês, e espero que não falte ninguém, vieram aquecer nos (e aquecer se) também.
Os dias passam calmos á nossa volta, e nada calmos cá por dentro.
Fizemos videoclips, tocámos uns com os outros cada um como podia, tivemos conversas importantes, chorámos ao colo uns dos outros, rimos ao colo uns dos outros, o pai fez anos, fizemos todos anos com ele, vimos a Mónica Sintra, andámos no “V”, gamámos gomas para fazermos uma ceia como pedia a noite, comi farturas, cortámos o cabelo á Maria, andámos á boleia para manter a tradição, e o resto fez parte do passar natural dos dias.
Eu, Rita e Inezes. As 4, sentadas á mesa, decidimos que era Aveiro, e acordeon, flauta de bisel, jambé, beija-mim, missangas e bujigangas, swings e malabares. Fizemos as malas e uma noitada para os preparos, e apanhámos o comboio. “Gastamos o mínimo de dinheiro possível a sobreviver, e tudo o que ganharmos guardamos até ser gasto no combinado”.
A Bella arranjou nos casa e com ela o to(u)ni, e a outra Isabel, e boa onda que nos fez sentir em casa, arranjámos comida barata no supermercado (tarefa facilitada pela Rita e pelo seu jimbé), arranjámos bom posto em frente á confeitaria com os melhores ovos moles de lá (e tivemos direito a mimos deles, que gostaram de nós e pagavam a companhia em ovos moles e bombons), tocámos e tocámos e tocámos, e foi bom ver nos. juntámos mais dinheiro do que o que qualquer uma de nós podia estar á espera, encontrámos o Douglas e acabámos por não lhe conseguir dar os espinafres que lhe ficaram prometidos, não tomámos banho, não dormimos muito, e curtimos de carago.
Não tínhamos combinado direito quando voltávamos, mas também não foi preciso. A Maria ligou, e decidimos que estava na hora.
Preparámos-lhe o dia de que ela precisava. Fechamo-nos em casa, sem relógios e sem pressas, e percorremos a casa com mimos em cada canto que encheram o dia até cairmos para o lado de cansaço e barriga cheia. Porque de facto, estamos cá umas para as outras.
(Tremiam-me os joelhos. Chegou, sorriu-me, dei-lhe um beijo, dei-lhe a mão, e mostrei-lhe o meu porto.)
Entretanto a Maria ia para a Holanda. Fizemos lhe um kit-de-papoila-viajante, dos que já tínhamos feito para a Tita quando ela foi, enchemos lhe a casa (nós e outros), e foi bom ver tanta gente a gostar dela.
Avante camarada, avante!
Chega-se, monta-se tenda sempre no mesmo sítio, e não se sabe como começa de facto.
Este ano estávamos mais do que estoiradas. Deitámo nos na relva, e esperámos que começasse por nós. Acordámos com ele a começar ao de leve. Caras conhecidas, junta-se gente, as primeiras flautas para acordar a música que só se ouve aqui e ali no avante, e pronto. Estava feito.
A partir daí os dias não têm relógios, não há “temos de”, estamos rodeados de gente em todo o lado, e acho que acabamos por não fazer nada de especial da melhor maneira do mundo. Apresentámo(no)s (a)o didi, reencontrámos gente e mais gente (desde expozianos – que saudades, sócia!- ao Zé Francisco), conhecemos o Mathieu e os irmões unos (Bruno e Nuno), ela conheceu o Nuno e o Nuno conheceu-nos, Saint-Claire, carvalhesas a torto e a direito, algumas que ficam para a história (como a primeira do didi, a das bandeiras no ar e espírito nacionalista no peito, e a que acabou com reunião em que decidimos que nos separávamos ali, e só nos reencontrávamos á porta, sem grandes paragens e com relatos de meia hora de avante só de cada um de nós), vontade é ávontade para passar dias e dias de pijama, tripadelas, e outras que tais. “vamos de costas. Do palco principal á porta da tenda”. A Leonor levou-nos até á porta do recinto, de lá á porta do acampamento levou-nos um simpático e incrédulo com a combinação de olhos muito azuis e cabelo loiro (right, right.. stop! Baby car.. (i’m sorry..), straight, straight..), e depois de lá á tenda choveram ajudas de vizinhos que alinharam na parvoeira. Comi daquelas maças caramelizadas, e uvas e morangos, mais merdas que adormecem o estômago, e comi palavras, e vi o Tito Paris, e perdemos telemóveis, e EPs, e cabeças e braços e corações e concertos, e perdemo-nos umas das outras para nos voltarmos a encontrar ao virar da esquina, e dei novamente bom uso aos meus óculos de sol.
E pronto. Como não fazemos nada de especial, e os dias correm naturalmente sobre rodas, não se contam, vivem se de pantufas.
Apanhámos o barco, cada um mais porco que outro, e mais habituado a essa porcalhice que o terceiro. Resolvemos que não era ali, á porta do barco que a viagem acabava. Resolvemos gamar uns pêssegos e maçãs para um lanchinho, e rebolámos até ao Adamastor onde se juntaram outras flautas aos caracóis, onde vi o Max bem mais contente e menos perdido, onde me despedi de Lisboa sem dizer a ninguém. Sem grandes palavras (porque depois de vivermos tanto tempo uns com os outros não é preciso mais do que dois ou três grunhidos para sabermos que “foi bom, vamos ter saudades, é bom descobrirmo-nos e termos vivido o que vivemos, cada um á sua maneira” despedimo-nos.
Uns dos outros, e do Verão, que cá anda todos os anos, de hormonas aos saltos e mochila ás costas.
Há sempre gente nova que vem experimentar, há sempre gente velha, que já sabe para onde vai. Todos os anos é diferente. Este ano não foi o Pedro, portanto foi altura de sermos nós os pilares do pai. Tem piada ver o tempo passar por nós (e queimada como pano de fundo, desde que nascemos).
Ainda antes de lá chegarmos conhecemos o maxime e o simon, que acabaram por trazer o (mon) simon e ir passar a noite e pequeno-almoço tardio connosco, rodeados de verde.
O pai foi doce, e juntos mostramos lhes um bocado do que é queimada. Tocavam e cantavam, e o tempo passou rápido demais, quando devia ter passado em pezinhos-de-lã.
Acabámos todos na eira a cantarolar ao som do cavaquinho e do acordeon, aquecidos pelo “é bom estar cá” que não foi dito.
O tempo passou e passou, e eu á conversa com ele. Encheu me a barriga. Se comecei o meu ano de vida nova cheia de vontade de o começar, devo-o a ele. Era professor de música de putos entre os 3 e os 12, e tinha cara de nascer-de-dia e mãos quentes. Tinha mil planos de vida e mil histórias guardadas nos cabelos compridos, e um gosto contagiante pelo que escolheu fazer, cravado nos olhos claros.
Gostava de o voltar a ver daqui a uns anos, e saber se sempre fomos o que queríamos ser.
Depois deles a Maga, a Cata, o Bitó, a Maria, a Rita, o Gustavo, a Tita, o Gonçalo, o Pilas, o João, o Óscar, a Joana, a Rosa, a Inês, e espero que não falte ninguém, vieram aquecer nos (e aquecer se) também.
Os dias passam calmos á nossa volta, e nada calmos cá por dentro.
Fizemos videoclips, tocámos uns com os outros cada um como podia, tivemos conversas importantes, chorámos ao colo uns dos outros, rimos ao colo uns dos outros, o pai fez anos, fizemos todos anos com ele, vimos a Mónica Sintra, andámos no “V”, gamámos gomas para fazermos uma ceia como pedia a noite, comi farturas, cortámos o cabelo á Maria, andámos á boleia para manter a tradição, e o resto fez parte do passar natural dos dias.
Eu, Rita e Inezes. As 4, sentadas á mesa, decidimos que era Aveiro, e acordeon, flauta de bisel, jambé, beija-mim, missangas e bujigangas, swings e malabares. Fizemos as malas e uma noitada para os preparos, e apanhámos o comboio. “Gastamos o mínimo de dinheiro possível a sobreviver, e tudo o que ganharmos guardamos até ser gasto no combinado”.
A Bella arranjou nos casa e com ela o to(u)ni, e a outra Isabel, e boa onda que nos fez sentir em casa, arranjámos comida barata no supermercado (tarefa facilitada pela Rita e pelo seu jimbé), arranjámos bom posto em frente á confeitaria com os melhores ovos moles de lá (e tivemos direito a mimos deles, que gostaram de nós e pagavam a companhia em ovos moles e bombons), tocámos e tocámos e tocámos, e foi bom ver nos. juntámos mais dinheiro do que o que qualquer uma de nós podia estar á espera, encontrámos o Douglas e acabámos por não lhe conseguir dar os espinafres que lhe ficaram prometidos, não tomámos banho, não dormimos muito, e curtimos de carago.
Não tínhamos combinado direito quando voltávamos, mas também não foi preciso. A Maria ligou, e decidimos que estava na hora.
Preparámos-lhe o dia de que ela precisava. Fechamo-nos em casa, sem relógios e sem pressas, e percorremos a casa com mimos em cada canto que encheram o dia até cairmos para o lado de cansaço e barriga cheia. Porque de facto, estamos cá umas para as outras.
(Tremiam-me os joelhos. Chegou, sorriu-me, dei-lhe um beijo, dei-lhe a mão, e mostrei-lhe o meu porto.)
Entretanto a Maria ia para a Holanda. Fizemos lhe um kit-de-papoila-viajante, dos que já tínhamos feito para a Tita quando ela foi, enchemos lhe a casa (nós e outros), e foi bom ver tanta gente a gostar dela.
Avante camarada, avante!
Chega-se, monta-se tenda sempre no mesmo sítio, e não se sabe como começa de facto.
Este ano estávamos mais do que estoiradas. Deitámo nos na relva, e esperámos que começasse por nós. Acordámos com ele a começar ao de leve. Caras conhecidas, junta-se gente, as primeiras flautas para acordar a música que só se ouve aqui e ali no avante, e pronto. Estava feito.
A partir daí os dias não têm relógios, não há “temos de”, estamos rodeados de gente em todo o lado, e acho que acabamos por não fazer nada de especial da melhor maneira do mundo. Apresentámo(no)s (a)o didi, reencontrámos gente e mais gente (desde expozianos – que saudades, sócia!- ao Zé Francisco), conhecemos o Mathieu e os irmões unos (Bruno e Nuno), ela conheceu o Nuno e o Nuno conheceu-nos, Saint-Claire, carvalhesas a torto e a direito, algumas que ficam para a história (como a primeira do didi, a das bandeiras no ar e espírito nacionalista no peito, e a que acabou com reunião em que decidimos que nos separávamos ali, e só nos reencontrávamos á porta, sem grandes paragens e com relatos de meia hora de avante só de cada um de nós), vontade é ávontade para passar dias e dias de pijama, tripadelas, e outras que tais. “vamos de costas. Do palco principal á porta da tenda”. A Leonor levou-nos até á porta do recinto, de lá á porta do acampamento levou-nos um simpático e incrédulo com a combinação de olhos muito azuis e cabelo loiro (right, right.. stop! Baby car.. (i’m sorry..), straight, straight..), e depois de lá á tenda choveram ajudas de vizinhos que alinharam na parvoeira. Comi daquelas maças caramelizadas, e uvas e morangos, mais merdas que adormecem o estômago, e comi palavras, e vi o Tito Paris, e perdemos telemóveis, e EPs, e cabeças e braços e corações e concertos, e perdemo-nos umas das outras para nos voltarmos a encontrar ao virar da esquina, e dei novamente bom uso aos meus óculos de sol.
E pronto. Como não fazemos nada de especial, e os dias correm naturalmente sobre rodas, não se contam, vivem se de pantufas.
Apanhámos o barco, cada um mais porco que outro, e mais habituado a essa porcalhice que o terceiro. Resolvemos que não era ali, á porta do barco que a viagem acabava. Resolvemos gamar uns pêssegos e maçãs para um lanchinho, e rebolámos até ao Adamastor onde se juntaram outras flautas aos caracóis, onde vi o Max bem mais contente e menos perdido, onde me despedi de Lisboa sem dizer a ninguém. Sem grandes palavras (porque depois de vivermos tanto tempo uns com os outros não é preciso mais do que dois ou três grunhidos para sabermos que “foi bom, vamos ter saudades, é bom descobrirmo-nos e termos vivido o que vivemos, cada um á sua maneira” despedimo-nos.
Uns dos outros, e do Verão, que cá anda todos os anos, de hormonas aos saltos e mochila ás costas.