sexta-feira, novembro 14

foge, foge bandido


"somos a fachada de uma coisa morta
e a vida como que a bater à nossa porta.
quando formos velhos (se um dia formos velhos)
quem irá querer saber quem tinha razão?
de olhos na falésia espera pelo vento,
ele dá-te a direcção.

ninguém é quem queria ser, eu queria ser
ninguém é quem queria ser, eu queria ser ninguém.

a idade é oca e não pode ser motivo
estás a ver o mundo feito um velho arquivo.
eu caminho e canto pela estrada fora,
e o que era mentira pode ser verdade agora.
se o cifrão sustenta a química da vida,
porque tens ainda medo de morrer?
faltará dinheiro, faltará cultura,
faltará procura dentro do teu ser.

ninguém é quem queria ser, eu queria ser
ninguém é quem queria ser, eu queria ser ninguém.

diz-me me se ainda esperas encontrar o sentido
mesmo sendo avesso a vê-lo em ti vestido.
não tens de olhar sem gosto, nem de gostar sem ver,
ninguém é quem queria ser.

ninguém é quem queria ser, eu queria ser
ninguém é quem queria ser,eu queria ser ninguém."

manel cruz