sexta-feira, fevereiro 27

de quinze a diz-oito

O ratinho foi ao baile
De cartola e moustachão
Sapato de bico fino
e de couro o casacão

Encontrou a tugazinha
Que'o esperava na estação
O ratinho aproximou-se
e mergulharam de chapão.

passeámos imenso pelo centro, e de lá para o quentinho de casa.
dei descanso á bicicleta e ás pernas, e andei de carro, abrigada da chuva e do vento que nao nos largaram.
perdemo-nos pela cidade, encontrámos caminhos novos e jardins fixes. o chocolate quente fez-nos companhia muita, fomos a uma jam session meia atrofiada de jazz, conheceu o pessoal fixe de cá, e fixou até bem mais tarde para dar um beijinho-surpresa á rita, que chegava a 18.

saltei-lhe para o colo, e ela com ar de muitas horas em transportes.
"tenho uma surpresa para ti!"
e apareceu o didi.
ela tola.
"mas eu também tenho uma supresa para ti!"
e sai a minha irmã e a mariana da cabine telefonica.



ainda lanchámos todos juntos e todos histéricos, ainda nos trouxe as malas a casa, ainda dançámos um bocadinho, laranjas, para aproveitar o por do sol que entra pela janela do meu quarto dentro.

Pegou na sua carroça
e arrancou de sorrizão.

domingo, fevereiro 22

relatos

estou a viver em Nijmegen.

Teresa Melo Campos
Vossendijk 141
(floor 8, room 9)
6534 TM Nijmegen
The Netherlands


sabe bem viver no meio de tanta coisa diferente. calhei no andar em que essa diferença se nota mais.
tenho um quartinho muito lindo, e sabe bem ser agora mae e pai de mim.
andei duas semanas sem bicicleta.
O Sérgio esteve a morar em "Grusbek" (como diria uma tuga que nao sabe como raio se pode escrever isso), com os três polacos: a Mónica, a Ana(na) muito chanfradona daquela cabeça e o Pchamek (a quem chamei Dvorjak, Vodzek e Pchemak, e agora chamo pachacha. ele sorri-me com o seu ar mais doce. mas na realidade, o seu verdadeiro nome diz-se aproximadamente Pchámesswav). O pessoal mais fixe é o mais velho. O pchamek é um fixe. Chama-me Teresa Sóraya, é um cavalheiro e um fortalhaço, que me andou a carregar na parte de tras da bicicleta durante essas duas semanas.
No dia em que combinei comigo ir á estaçao arranjar uma bicicleta para mim, convenci-o a vir comigo, e convenci o Sérgio e as duas italianas (também mais velhas e muito porreiras, uma delas muito linda)a virem connosco. Encontrei-a encostada a um canto, verde, pequenina. Foi a mais barata, e foi amor á primeira vista. Até o homem da loja que fala em inglês contrariadissimo, e que tem umas trombas nada agradáveis se derreteu, comigo feita cachopa "ohh.. i'm in love. she's beatifull, isn't she?" "i bet she is.. she's already a "she""?. tem rodas fininhas e travoes nos pés.
as pernas começam a ganhar pedalada para a vida em duas rodas que agora tenho cá.
as duas hungaras também sao muito queridas. muito tímidas, muito doces. mas nao têm aulas comigo.
a Rita é minha vizinha da frente.
os nossos dois quartos tem sido normalmente um só. Sao muito quentinhos, e já tem as paredes cheias e quentes.
o chuveiro é maravilhoso, e as retretes e a cozinha partilhadas.
as aulas parecem mais leves, e os professores sao todos altamente.
estou contente. ainda me sinto completamente turista, mas sabe bem.
sou a pessoa que fala mais ao telefone la no meu andar, e sou ainda mais contente por isso.
tenho saudades vossas, mas estou tao contente.

sábado, fevereiro 7

p.s

o pedro, a maria e o serginho foram-me levar ao aeroporto. os três da vida-airada.
"se isto fosse um filme - pensava ele do alto das suas pernas, de caracóis pela cabeça fora enquanto a via atravessar as portas para um cheirinho a vida nova - ele estaria a tocar." sacou do seu glockenspiel e pôs se a tocar o à proa do Zeca até ela desaparecer nas núvens.
o meu cachopo sabe a chocolate.

"A minha cachopa sabe a chocolate
Não sei de mulher que melhor me trate
Seus olhos dão mais luz que uma janela
Trança amarela traz
A balançar cá p'ró rapaz.

A minha cachopa sabe a chocolate
Só a dormir é que diz disparate
Falta ao respeito com uma gargalhada
Fala de nada e tudo
Deixa-me embasbacado e mudo.

A minha cachopa sabe a chocolate
Roubou-me um beijo e eu paguei o resgate
Assaltou casas nos meus seis sentidos
Dois foragidos fomos
Desta certeza agora somos.

Anda cachopa
Puxa o corpo p'ró mar
Anda cachopa
Puxa a filha p'ró ar.

A minha cachopa sabe a chocolate
Quem não a conhece amor deste quilate
Não faz ideia da vida que dá
Ao deus dará viveu
Perdido no que não é seu.

Anda cachopa
Puxa o corpo p'ró mar
Anda cachopa
Puxa a filha p'ró ar."

Sérgio Godinho
à queima roupa

sexta-feira, fevereiro 6

Ó Landa!

Á medida que o aviao levantava, Portugal ficava mais e mais pequenino.
Quando se desce das núvens, a caminho da Holanda, mais e mais perto, os campos nao sao mais os mesmos.


Escher

(mas sao bem bonitos.)

cambalhota


Maurits Cornelis Escher