quinta-feira, janeiro 19

Sinfonia do Novo Mundo


"acordou de manhã com a brisa que entrava pela janela. ainda não totalmente saída do sonho em que se metera sentou-se na cama. esperguiçou-se, enrolou-se na manta que estava aos pés da cama e chegou-se á janela.
a mesma rua estreita, a mesma padaria, o carteiro (hoje atrasado), o barulho das cantigas das lavadeiras, o mesmo tempo, o mesmo café. mas havia qualquer coisa de novo.. qualquer coisa que não conseguia perceber o que era.
lavou a cara e os dentes, vestiu o vestido das flores de que tanto gostava, e saíu porta fora com um ar esvoaçante, hoje como nunca.
estranho.. estava tudo igual! a mesma vila que conhecia desde que tinha nascido, e de antes disso, das histórias que a avó lhe contava, mas ao mesmo tempo, sentia-se num musical! parecia que as coisas cantavam á sua volta, que os caminhos que percorria todos os dias hoje lhe falavam, lhe sorriam. até o Sr. António a quem fazia companhia até junto do seu rebanho, sempre com um ar cizudo e de poucos amigos hoje lhe parecia estranhamente meigo..
subiu até ao canto do monte de que mais gostava e deitou-se de olhos fechados. gostava tanto daquele sítio! da maneira como o "assobio", o riacho, escorregava pelo monte abaixo..estariam os dois piriquitos daquela àrvore a falar com ela? Estranho..
o sorriso rasgou-se sem que ela pudesse fazer nada, até os olhos estarem pequeninos e o nariz enrogado. Queria pedir uma coisa ao Gil.
O Gil era um amigo, uns anos mais velho do que ela, de quem nunca tinha ouvido uma palavra. Sempre pintara e era assim que falava. Como era bom ouvi-lo..! sentou-se á beira dele, debaixo do carvalho mais antigo e desenhou uma biciclete. Correram monte abaixo até ao centro da vila e depressa convencera a Dona Ana e o Sr. João a ceder-lhes as duas bicicletes.
Primeiro com algum cuidado fugiram do centro da vila até estarem longe de outras caras senão as duas, sorridentes e de olhos brilhantes. Pararm, olharam um para o outro, soltaram uma gargalhada e pedalaram o mais rápido que podiam. Eram donos do mundo. Eram eles próprios o vento.
Já conheciam aqueles caminhos, mas naquele dia redescobriam-nos, e a música continuava a ecoar triunfante em cada uma das cabeças.
A noite foi caíndo sobre as rodas voadoras das bicicletes, mas a viagem continuava. Era isso! Viajavam como se aquele mundo fosse um mundo novo!
Ouviram vozes ao longe a chamar por eles, devidiram-se, e cada um deles, pelos seus atalhos foi entregar a biciclete.
Encontraram-se debaixo do carvalho, deram um abraço, e correram para casa.
Só dias depois perceberam o que aquele dia lhes tinha trazido de novo. Não eram novas caras, nem novos ares. Era um mundo novo aos olhos deles! O que havia de novo era a maneira brilhante como o olhavam. Era valor que davam a cada uma das peças que faziam das suas rotinas um puzzle. Era como se estivessem a ver tudo pela primeira vez.”

terça-feira, janeiro 17

nó de barriga

“Também eu queria parar
Chorar, caír,
Para me levantar
Para te puxar
Te fazer sorrir..
Não voltar a cair.

Não me olhes assim
Continuo a ser quem fui
Cada vez mais aqui
Não dances tão longe
Que eu já te vi..”

“Quero-te... assim
Só para mim
Quero-te assim
Só para mim”

“Neste infinito fim que nos alcançou
Guardo uma lágrima vinda do fundo
Guardo um sorriso virado para o mundo
Guardo um sonho que nunca chegou

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...

No mundo onde tudo parece estar certo
Guardo os defeitos que me atam ao chão
Guardo muralhas feitas de cartão
Guardo um olhar que parecia tão perto

Para o país do esquecer o nunca nascido
Levo a espada e a armadura de ferro
Levo o escudo e o cavalo negro
Levo-te a ti... levo-te a ti para sempre comigo...

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que senti
Falo ao mar do que nunca perdi.”

“Já dançamos demais
Sorrimos demais
Vivemos demais
Agarrámos demais
Fugimos demais
Restou a saudade de ser... «demais»
Demais,
Demais,
Demais...”

“Embora lave o medo
que há do fim
a chuva apaga o fogo
que há em mim
Ouço a voz de quem
me quer tão bem
E fico a ver se a chuva
a ouvirá também...”


porque há letras que falam por mim.

dia 13


the one and only.. Rozette punzette! :)
corro por aqui e por ali, ou pelo meu sofá, e embora não escreva, lembro-te.
de facto deveria ter aproveitado o dia em que cá me sentei e escrever, mas nem sempre a preguiça deixa fazer o mais acertado.
estou então aqui para mandar os beijos todos, e para te proporcionar assim, dois dias de festa (e olha que há pouca gente a quem faço isto!).
sabes como te gosto, e dessa tua calma..



não poderia deixar de te mandar uma tulipinha..
para que o dia seja roxo.

sexta-feira, janeiro 13

até já..


sempre veio. a tarde passou por nós num passo apressado, quando só queriamos que o tempo parasse.. olhavamos nos e sorriamos. que bom estarmos ali.
mas a noite teimosa veio marcar presença.
deu-me um beijo, entrou e voou.
vais mas voltas depressinha, não é?
volta, volta..

"We walked the street to the beat
Hand in hand you and me
Smiling faces so in love
Hoping that they all could see
That we belonged together
you and me against the world"

porque é sempre bom relembrar. porque relembro.
só não percebo porque não saltaste para este jardim mais cedo..
ainda assim o tempo é nosso.

quinta-feira, janeiro 12

"a culpa é da vontade"


hora de saltar da prateleira, dar corda (aos sapatos) e seguir caminho..
e vontade?

terça-feira, janeiro 3

ano novo, vida nova?


a semana pela invicta, entre cursos de dança e teatro, foi também uma semana de grande actividade na residencial vale formoso. veio a joana e o joao (que fugiu depois de deixar entregues os beijinhos) o bárcia de corrida, e a inês fugida. mimo e mimo. :)
passámos a noite de 21 para 22 no colo do galo leal por entre bares, ruas, "pyno-peid"s (temos de decidir como é que isto se escreve..!) pelo bairro alto, e no fim a ver o (pseudo) nascer do sol.
passou o natal, nem sempre carregado de espírito natalício, mas inevitavelmente de golodices e goloseimas.

fugi para lisboa.
o dia começa tarde, e fazemos as noites render. noites loucas com o maneli (que finalmente conheci!), noites de cultura geral, pornografia na escadaria da assembleia e beach boyadas, noites de passeatas pelo bairro, noites longas.
almoço de despedida do bárcia (e proponho agora e sempre uma sincronização de batimentos de palmas, porque há dias em que nos faz falta um canto aciganado para nos animar!).

depois de, numa das noites, um bom jantar em casa da ines sanchez seguimos para o teatro ibérico. no meio de caras conhecidas, de caras desconhecidas, e de caras de que já tinha ouvido falar, dançava um (talvez) trintão de boina preta. de repente vejo o ao meu lado, a distribuir flyers. quando me vai entregar um deles "queres dançar?" (então não queria..!) "quero" (olhou para alguém e disse) "distribuis tu os papeis?" riu-se, deu-me a mão e passámos para o meio do teatro. era uma mazurka.. logo uma mazurka! se ao princípio não conhecia aqueles passos ao fim de algum tempo já me tinha "apaixonado" por eles. quando eu só queria uma banda sonora eterna e um rodopio de olhos fechados, a música pára. ficámos agarrados no meio da "pista", deu-me um beijo na mão, sorriu, e foi-se sentar.
queria mais.. queria mais.
coincidência ou não, voltei me a cruzar com ele á saida dele e á minha entrada da casa-de-banho. "mário! (entretanto soubemos o nome um do outro..!) ainda quero dançar contigo..!" "danço contigo, claro! a noite toda (riso)".
comecei a reparar que o teatro estava a esvaziar.. aos poucos e poucos começava a chegar a hora de ir embora. ganhei coragem, puxei-o por um braço e a música recomeçou.
enquanto dançávamos sussurávamos ao ouvido bocados de história nossa. tirou psicologia, não arranjou emprego e agora organiza concertos e eventos culturais.. (interrupção na música, continua a conversa. nova dança..) ia de olhos fechados. soltáva-me e depois agarráva-me em bicos-de-pés, e rodopiávamos, como se fossemos um só.
ao fim de três mazurkas seguidas parámos e deixámos a respiração acalmar. "foi bom.." (disse-me) sorri. tinha sido..

passagem de ano em peniche. inezes, rui, joão, joana e eu.
mal chegámos fomos directos ao nosso LIDL. como já se vai tornando habito pegámos nas compras necessárias para uma sobrevivência feliz, mais nos sacos que já pesávam há tempo de mais nas costas e passámos o testemunho ao LIDL car. discretamente raptámo-lo, e foi a nossa safa (como é sempre).
a inês recebeu nos em "sua" casa com uma bela pirueta no carrinho amarelo e obviamente um belo dum tombo.
veio o jota (sorriso parvo na cara..) e começou a ramboia.
andámos muito de bicicleta, partimos alguns copos (jota, estás a dever uma caixa com 6 copos á penicheira), risota muita.. ramboia! claro que depois fica tudo desarrumado.. e de quem é a culpa? querem uma pista? (levanto os dois indicadores e indico-me) .. do rui! :)
o nosso ano passou 10 minutos depois do da maioria das pessoas. 12 passas (sort of..), chegou o jamie para dar a cor que procurávamos.. perfeito. e só então os abraços de um novo ano.

Next Year,
Things are gonna change,
Gonna drink less beer
And start all over again
Gonna pull up my socks
Gonna clean my shower
Not gonna live by the clock
But get up at a decent hour
Gonna read more books
Gonna keep up with the news
Gonna learn how to cook
And spend less money on shoes
Pay my bills on time
File my mail away, everyday
Only drink the finest wine
And call my Gran every Sunday
Next Year, Next Year, Next Year
I gonna tell you, how I feel
Well, resolutions
Baby they come and go
Will I do any of these things?
The answers probably no
But if there's one thing, I must do,
Despite my greatest fears
I'm gonna say to you
How I've felt all of these years
Next Year, Next Year, Next Year

deixámos o LIDL car na estação de camionetas de peniche, e já com o peso das despedidas e o nó das saudades nas costas e na barriga (respectivamente) aproveitámos a boa música da camioneta para mais umas cantorias.
hora de voltar.. lágrima ao canto do olho, e abraços apertados.